segunda-feira, 27 de junho de 2011

Faltava-lhe a cedilha

Aqui atrasado fui a um supermercado e comprei uma alheira. Como acontece tantas vezes a muito boa gente, trouxe para casa um dois-em-um: a alheira e um grandessíssimo barrete. E reclamei. Reclamei para o fabricante, reclamei para a cadeia de supermercados, reclamei até para o provedor do cliente do grupo económico dono da cadeia de supermercados. Todos me responderam, com mais ou menos demora e as tretas do costume.
O primeiro a bater com a mão no peito até foi o fabricante. Para além das tretas do costume e de um simpático pedido de desculpas, oferecia-se para me enviar uma nova alheira. Imaginei que me mandaria pelo menos meia dúzia, todas elas de qualidade cinco estrelas, mas não aceitei. Eu só queria mesmo reclamar.
A quem puder interessar, para futuras demandas, ou, quem sabe, até para fazer jurisprudência, aqui deixo, humildemente, o teor da minha bem sucedida reclamação:


Exm.ºs Senhores,

Comprei ontem na loja do [...], em [...], uma alegada "Alheira de Caça" produzida por V. Ex.ªs e pomposamente apresentada como "produto seleccionado da Terra Fria Transmontana".
A etiqueta prometia uma alheira com, nomeadamente, 40% de carne de caça (pato, perdiz e coelho), 30% de carne de porco e 20% de pão trigo.
Cozinhada e aberta, verifiquei logo, sem precisar de ir ao microscópio, que fora enganado. Carne... de grilo! Assim a olho - e comprovado na boca! - , a alheira era afinal composta por 90% de pão e 10% de gorduras diversas.
Dito de outra forma: a alheira de caça de V. Ex.ªs não trazia cedilha.


Melhores cumprimentos,

2 comentários:

  1. Só mesmo tu, Neques! Mas tens razão em protestar. E gostei do pormenor da cedilha.

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  2. Caro Anónimo,
    Muito obrigado pela visita. O pormenor, como V. Ex.ª muito bem sabe, é fundamental. Repare que até as finais da Liga dos Campeões costumam ser resolvidas pelos pormenores. Ou então pelo Messi.
    Sempre a considerá-lo,
    Neques

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