sábado, 22 de junho de 2013

A Fome Apátrida das Aves

Francisco Duarte Mangas tem livro novo. São os poemas outra vez. "A Fome Apátrida das Aves" - com prefácio de Manuel Gusmão e apresentação de José Manuel Mendes, na próxima quinta-feira, 27 de Junho, às 18 horas, no Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, número 27 da portuense Rua de Ferreira Borges.
"A Fome Apátrida das Aves", livro novo, ideia antiga, continuada, é o que suspeito. Em "Brévia", de 2005, Francisco Duarte Mangas escreveu: A fome apátrida das aves deixou marca nos dióspiros. O meu filho dorme, o repouso cicatriza a ferida. Brévia, observo a brévia submersa na manhã. Abro a navalha de enxertia: de um só golpe, degolo o cavalo. Já não tenho quarenta anos, digo. A palavra, como a nossa vida, é inexorável substância de aluvião. As árvores e as aves, portanto. Brévia. E há dias, no seu blogue Diário de Link, antecipando a obra a estrear: Por não saber alcançar os ramos mais altos abraçado ao tronco, como faziam os meus amigos de infância, destros e corajosos, trouxe as árvores a pastar na escrita. Desamarradas da terra, as árvores voam. Chegam depois as aves, a cabra, os meus gatos e outros bichos. De repente, deparo: o tempo, as marcas do tempo: abro o portão de uma remota brévia, procuro repouso, água fresca, palavras como perdigueiros cheios de melancolia. Uma sebe de muitos anos separa o poema distante do mais recente. Pouco importa. Nasci, para que conste, numa aldeia cingida por serranias. Um dos montes tem este nome: Marouço. Os fabulosos pastores de tempos antigos, quando o mundo era movido a tracção animal, diziam ouvir do cume dessa serra, a muitas léguas de lonjura, os murmúrios do mar. Confere!
Francisco Duarte Mangas nasceu em Rossas, Vieira do Minho, e vive em Árvore, Vila do Conde. Estudou História e foi professor. É jornalista. Gosta de cuidar de glicínias e exercita nos limoeiros, camélias, magnólias, cerejeiras e outras árvores a antiga arte dos enxertadores. Gasta ainda algum tempo a iludir trutas, nos rios de montanha. Pratica a amizade. É autor de mais de duas dezenas de obras nos domínios da ficção, poesia e literatura infanto-juvenil, algumas das quais estão traduzidas em várias línguas. O seu primeiro livro, "Diário de Link", foi distinguido com o Prémio Carlos de Oliveira, por unanimidade, num júri constituído por José Saramago, Nuno Júdice e Francisco Belard.

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