terça-feira, 4 de junho de 2013

Angola toma conta do JN, do DN e da TSF

Parece que Joaquim Oliveira vendeu os jornais a Angola. E depois? Qual é o escândalo? O que é que Portugal perde com a passagem do Jornal de Notícias e do buraco do Diário de Notícias para as mãos de um grupo angolano? Perde independência? Isenção? Credibilidade? Transparência? Rigor? Qualidade? Profissionalismo? Competência? Seriedade? Memória? Deontologia? Dignidade? Referência? Jornalismo? Não se perde o que não há. Talvez se percam empregos. Mas estou em condições de assegurar que isso já aconteceu outras vezes, mesmo antes da chegada dos angolanos.

Uma vez, o estado-maior da Controlinveste descia no elevador do Edifício JN do Porto e eu também. Entrei a meio caminho para ir a casa comer a sopa. Era ir num pé e vir no outro. Disse boa tarde, mas ninguém me ligou. Aquela gente não ouve, não vê nem pensa para além do umbigo de cada qual. Iam todos entretidos na galhofa, preparando mais uma leva de despedimentos. A maior de todas. Eram os filhos do Joaquim, acolitados por um ou dois administradores anónimos limitados e pelo director de publicações, João Marcelino. E era exactamente Marcelino o animador de serviço, exibindo a capa do Diário de Notícias daquele dia. Dizia o também director do DN - "O que é preciso é isto: mete-se aqui este vermelhinho e está o assunto resolvido, é só vender".
João Marcelino referia-se à foto do Benfica que dominava a primeira página do DN. E (deixemo-nos de hipocrisias) não estava a dizer nenhuma asneira. Haja Benfica! O Diário de Notícias tem finalmente quem o compre.

(Texto escrito e publicado em 19 de Outubro de 2012, então sob o título O que é preciso é Benfica. Confirma-se.)

2 comentários:

  1. O Marcelino, por experiência própria do Rascord, devia lembrar-se que o boom e picos de vendas a sério foi nos anos do Penta do FC Porto. O resto é conversa. E nunca mais voltará a ser como era. O DN está a 14 mil de vendas, APCT de Jan.-Fev. e o JN apenas em 58 mil, um desastre a duplicar. Por isso têm de vender.

    ResponderEliminar