quarta-feira, 27 de abril de 2016

Diz o povo e com razão (recapitulação e 2 extras)

Ménage à trois
- Das duas, uma - disse o malandro, cansado de ménages à trois.

A realidade é inexorável, sobretudo se for fresca
- Mais vale tarde que nunca - disse o pragmático. Já passava do meio-dia e não havia volta a dar.

As pombinhas da catrina
As pombinhas da catrina andaram de mão em mão. Acabaram por casar, é certo, mas nunca mais se livraram da fama.

A gota de água (quando cai é para todos)
- Agora é que foi a gota de água - disse o brincalhão, pousando desajeitadamente o copo vazio do seu décimo terceiro uísque. Posto isto, vomitou com assinalável pertinácia em cima do excelentíssimo público.

Evasão
- Mais vale só do que mal acompanhado - disse o recluso n.º 14.112. E fugiu.

Justiça
- Mais vale uma pomba na mão do que duas a voar - defendeu-se o pedófilo, em tribunal. Mandaram-no para casa.

Puxem pelo Saci-Pererê e depois queixem-se 
Querem ver o Saci-Pererê completamente passado? É mandá-lo ir num pé e vir no outro. Ui!, leva a mal, ninguém o atura...

O bem-mandado
Mandaram-no abaixo de Braga e ele foi. Há dois anos e meio que mora em Vila Nova de Famalicão.

Os antigos sabiam tudo e morriam muito
Laranja. "De manhã ouro, à tarde prata e à noite mata". Desde os meus dezassete, dezoito anos que tento regularmente a suicídio antes de me deitar. Às vezes também com tangerinas.

Pragmatismo à portuguesa
Tantas vezes vai o cântaro à fonte, que qualquer dia tem de se meter água da companhia em casa.

Burro velho não toma andadura
- Desculpa-me que te diga, mas sempre foste infantil. Toda a tua vida te portaste como uma criança. Também não será agora, aos 93 anos, que te vais armar em homenzinho, pois não?...

Breve ensaio de lesbofobia
Maria vai com as outras. Depois que não se queixe das más-línguas.

Vendo pontos de vista para o mar
Eu tenho uma certa maneira de ver as coisas, isso é verdade. Mas não tenho um prisma, uma óptica, sequer um ângulo que se diga. Tivesse-os eu, e vendia-os.

A felicidade agarra-se pelos tomates
Jasmina era uma mulher feliz. Fazia o que queria do marido. Em casa mandava ela, e mandava nele também. O homem gostava assim. As vizinhas e amigas de Jasmina - à qual, pelas costas, chamavam Felismina - perguntavam-se, roídas de inveja: "Como é que ela consegue, como é que ela consegue?!..."
E um dia Jasmina explicou: "Trago-o bem preso pelos tomates, um bocadinho mais acima..."


Frigorífico
De boas intenções está o frigorífico cheio. Depois, evidentemente, é preciso saber cozinhar.

Tomai e comei todos (é um bocado relativo)
Então, depois de dar graças a Deus, o pai tomou o pão, partiu-o e distribuiu-o por metade dos seus filhos, dizendo: Laide, Ruca, ide comer a casa da avó, que a broa não chega para todos. 

O importante é a honradez, mas depende
- O mais importante, meu querido filho, é a honradez. Podes ser pobre, mas sempre honesto. Pobrezinho mas honrado, como diz o nosso povo nos seus mansinhos diminutivos. Sobretudo, agora a sério, nunca faças nada que te envergonhe quando te vires ao espelho.
- E se for quando não me vir ao espelho, meu amado pai?...
- Nesse caso estás à vontade: mete a mão quanto mais possas, que és meu filho mas também és filho de Deus.


Os requisitos necessários
Passou o dia inteiro a reunir os requisitos necessários. Chegou a casa e contou-os: faltavam-lhe quatro. É de um homem desesperar...

Aberração da natureza
Tinha o coração ao pé da boca. Era uma aberração da natureza, uma atracção de feira.

Saia mais um galo
Freguês assíduo das bifanas da Conga e produtos correlativos nomeadamente codornizes, tinha uma filosofia de vida a que nunca se exima, por mais adversas que fossem as condições. E essa filosofia essencial era - Mais vale um pássaro no prato do que duas mãos a voar. E mais dois fininhos, se faz favor.

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