sábado, 13 de agosto de 2016

Francisco Gomes de Amorim

Existe uma nação na Europa que adquiriu desde muito o singular privilégio de ter sempre fixadas sobre si as atenções de todos os outros povos: é a França. Não deve esta distinção à sua extraordinária história, nem aos feitos gloriosos de seus mais ilustres filhos, deve-a simplesmente à circunstância de possuir Paris e os parisienses.
Paris! Todo o bom muçulmano tem que fazer ao menos uma vez na vida a peregrinação de Meca; todo o francês sonha dia e noite com a capital do seu país, e ali vai levar o fruto das suas economias, ou das de seus pais, logo que pode soltar as asas do ninho da província; o viajante estrangeiro não marca no seu itinerário senão uma cidade, que há-de visitar por força: é Paris; às outras, irá, se puder, se lhe sobejar dinheiro e tiver tempo. O fim, o fito, o ponto de mira das suas aspirações é aquele. Ou não sair de casa ou ir ali. Perguntai a um homem, que regresse à pátria, se já viu Paris, e ele julgará que o insultais. Viajar sem passar por Paris é uma vergonha que ninguém quer; seria a desonra do viajante.

"O Remorso Vivo", Francisco Gomes de Amorim

(Francisco Gomes de Amorim nasceu no dia 13 de Agosto de 1827. Morreu em 1891.)

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