sábado, 26 de novembro de 2016

Mário Lago 4

Tudo como antigamente

Somei noite mais noite olhando a lua
Decorei cada estrela que brilhava
Morri mais de uma vez em cada rua
E sempre a cada vez ressuscitava


Pobre do tempo que não me alcançava
Nunca se alcança aquilo que flutua
Cama após cama a carne se gastava
E a alma devassa andava seminua


Fui Deus e rei, poeta e vagabundo
Vivi mais de mil vidas por segundo
Ultrapassando sempre o mais em frente


Hoje deixo que o tempo me ultrapasse
Morri de vez mas se ressuscitasse
Faria tudo como antigamente


Mário Lago 

(Mário Lago nasceu no dia 26 de Novembro de 1911. Morreu em 2002.) 

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