domingo, 27 de novembro de 2016

Onomástica, toponímia & outros nomes esquisitos 9

                                                                                                                             Foto Hernâni Von Doellinger

Vai chamar Abenedego a outro! Um casal italiano foi proibido pelo tribunal de dar o nome de Sexta-Feira ao seu filho, mas na China há 5.659 pessoas que se chamam Ano Novo. Em Portugal, país de brandos costumes, parece que ainda ninguém foi tão longe, mas apenas porque não deixam. No Ministério da Justiça há uma lista negra de mais de 2.500 nomes próprios esquisitos que já foram pedidos e recusados.
E alguns deles nem lembrariam ao diabo: como, vejam lá, Jesus Cristo, Deusa, Adoração, Imaculada, Cristão, Cristo ou Maria da Aleluia. A sério (à séria, se lido em Lisboa). São pérolas que constam na lista de "Vocábulos Não Admitidos como Nomes Próprios" do Instituto dos Registos e do Notariado (IRN) e que estão lá porque exactamente houve pais que tiveram a peregrina ideia de assim baptizarem os respectivos filhos.
Os pais italianos queriam ser "originais", disseram aos jornais, mas os juízes, na sua sábia decisão, consideraram que Sexta-Feira traria uma carga de "vergonha" e de "ridículo" à criança que fosse marcada para toda a vida com semelhante nome.
Ora, se os portugueses têm muitos defeitos, um deles não será certamente a falta de originalidade. E também aqui, no ramo dos nomes que são de partir a moca, não ficamos a dever nada a ninguém.
Duvidam? Tomem então nota dos seguintes: Abenedego, Brilhantina, Consolino, Divinando, Estaline, Girina, Ismanuel, Jacquelino, Magnífica, Maxfredo, Ovnis, Paliologo, Romã, Sete, Togarma, Viking ou Zuzidine. Tudo nomes que alguém quis pôr aos filhos, mas que o bom senso da lei proibiu.
Mas há mais, muito mais! Com efeito, a lista de nomes sem jeito nenhum, e portanto não admitidos pelo IRN, publicita apenas os despachos proferidos face aos pedidos apresentados, tem mais de 2.500 nomes interditos e não é actualizada desde Julho de 2006.
Escrevi esta treta em Janeiro de 2008, no jornal 24horas, depois de pedir algumas explicações ao IRN. O IRN esclareceu-me, cheio de a propósito, que o nome próprio das "crianças nascidas em Portugal que sejam portuguesas" deve ser "português, de entre os constantes da onomástica nacional ou adaptados graficamente à língua portuguesa, não devendo suscitar dúvidas quanto ao sexo". Filhos de jogadores de futebol e de artistas da televisão são casos à parte, concluí eu.
Quanto ao nome completo das pessoas - mais me informei no IRN -, deve compor-se, no máximo, de seis vocábulos. Como, por exemplo, Duarte Nuno Fernando Maria Miguel Gabriel Rafael Francisco Xavier Raimundo António de Bragança.

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