sábado, 3 de dezembro de 2016

Adolfo Werneck

Funeral de um coração

Dão-balalão, dão-balalão, dão-balalão...
Sinos?... Ouço-os vibrando a defuntos, talvez  
Tenha morrido alguém e, por essa razão,  
Os sinos vibram todos juntos de uma vez.

Por quem será que dobra assim o carrilhão?
- Coveiros, homens maus, almas feitas de pez,
Abri, cantando, a cova em que o meu coração  
Tem de dormir o sono eterno, ó doce ebriez.

Coitado, coitadinho, ele andava tão doente,  
A chorar e a gemer continuadamente,
Sem esperança de sarar do mal atroz...

Cravou-lhe a Parca a ponta ervada do estilete.  
Morreu e vai servir (quem sabe?) de banquete
Aos nojentos lacraus - terror de todos nós.

"Bizarrias", Adolfo Werneck

(Adolfo Werneck nasceu no dia 3 de Dezembro de 1879. Morreu em 1932.)

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