segunda-feira, 27 de março de 2017

Ernesto Penafort

Soneto

enquanto a lua for calada e branca
eu serei sempre o mesmo, este esquisito,
este invisível vulto, apenas visto
quando o vento, de leve, açoita as folhas.
enquanto a lua for calada e branca
eu serei sempre o mesmo, apenas visto
quando um raio de sol morre na lágrima
que se despede de uma folha verde.
eu serei sempre assim, apenas sombra,
apenas visto quando a voz de um gesto
colhe no bosque alguma flor azul.
apenas visto quando em fundo azul
voar a garça (o meu adeus ao mundo?),
enquanto a lua for calada e branca. 

"Azul Geral", Ernesto Penafort

(Ernesto Penafort nasceu no dia 27 de Março de 1936. Morreu em 1992.)

Sem comentários:

Enviar um comentário