domingo, 19 de março de 2017

Microcontos & outras miudezas 23

O homem-rã
O homem-rã apareceu à tona em câmara lenta e saiu do lago com toda a calma, perante o evidente embaraço do casal de cisnes que porteira o condomínio. Vestia um blusão de cabedal que dizia nas costas batalhão de sapadores bombeiros, bsb, passou por um bando de turistas japoneses acabadíssimos de descarregar no novo terminal, sorriu para os flashes e continuou naquele andar cómico até ao bar do parque da cidade. Entrou no bar, saltou para cima de um banco, depois saltou para cima do balcão e mandou vir, com uma nota de cinco na mãozinha verde: - Coach!, coach!


D. Afonso Henriques
A verdade é esta: Afonso Henriques usava saias, batia na mãe e morava geralmente no austero Castelo de Guimarães, onde guardava uma espada muito grande e pesada e outros penduricalhos. Tinha também o Paço dos Duques, um abastado triplex com jacúzi onde passava férias, recebia amigos e, de quinze em quinze dias, organizava passagem de modelos.
O jovem Afonso ficou para a história da moda, aliás, como o verdadeiro criador da maxissaia.

Feitos um para o outro
- A menina dança?
- Não!
- É como eu. Não acha que fomos feitos um para o outro?...

O escritor e tudo
Bonifácio de Montalvar é autor impaciente e impulsivo. Publicou o seu primeiro livro sem sequer o ter escrito, tem apenas uma vaga ideia na cabeça, e revelou-se o sucesso que se vê: vai na décima sétima edição e já ganhou quatro prémios literários - um, internacional.
Para além disso, o escritor é também pintor, performer, crítico de cinema, prefaciador, antiquário, amigo n.º 1 de Manuel António Pina, forcado amador, talhador de trasorelhos, apresentador de telejornais e prepara-se para lançar o seu segundo disco.

Já um homem não pode ser feminista...
Feminista convicto, Eleutério Ribaquente apresentou-se todo pimpão à porta do congresso, distribuindo babosos sorrisos à direita e à esquerda, para a frente e para trás, e com um exuberante tesão. As porteiras barraram-lhe o caminho, matulonas. Que era só para mulheres, disseram-lhe...

Souvenir
Uma vez tive a sorte de encontrar-me com mestre Agostinho da Silva. Ainda hoje guardo a mão com que o cumprimentei.

Sem comentários:

Enviar um comentário