sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Rachel de Queiroz 5

Geometria dos ventos

Eis que temos aqui a Poesia,
a  grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como  um rio.
Como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada - 
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável 
da sua lapidação.
Onde se conta uma história, 
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura, 
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério
ao mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia. 

Rachel de Queiroz 

(Rachel de Queiroz nasceu no dia 17 de Novembro de 1910. Morreu em 2003.) 

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