segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

José Décio Filho 2

Poema vertical 

Dei um mergulho em mim mesmo,
num pulo de cabeça a baixo.
Tudo lá no fundo está quieto
como os caminhos abandonados;
a paisagem esfumou-se e confundiu-se
num apaziguamento de cansaço.


Perdi-me nos atalhos sedutores,
gastei linhas retas e curvas,
inquietações e deslumbramentos.
De místicas visões e amargos projetos
fiz um montão de cadáveres.


Quanto trabalho perdido,
quanto tempo dissipado!
Mas de tudo que ajuntei
na mais lírica desordem,
alguma coisa houve de ficar,
alguma coisa que às vezes
se resolve em minha poesia ou em silêncio.


"Poemas e Elegias", José Décio Filho

(José Décio Filho nasceu no dia 8 de Janeiro de 1918. Morreu em 1976.)

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